14/03/2018 • às 09:00 horas • sala MAT 05 (ICB UFPA)
PALESTRANTE: Leandro Castello, Department of Fish & Wildlife Conservation, Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg, Virginia, USA
"Os recursos pesqueiros da bacia amazônica são diversos e valiosos. Muitas espécies de peixes aproveitam a sazonalidade das águas do rio para migrar lateralmente de lagos e canais de rios para os hábitat vegetados das planícies de inundação. As boas condições dos habitats da planície de inundação como locais de alimentação e berçário contribuem para o incremento da biomassa dos peixes e permitem que os ribeirinhos mantenham dentre as maiores taxas de consumo de peixe per capita do mundo. No entanto, as pescarias da Amazônia estão sofrendo vários impactos humanos crescentes e adversos. A perda de habitat crítico para os peixes, devido ao desmatamento das planícies de inundação afeta os rendimentos da pesca artesanal multiespecífica que ali se realiza. Um perda de um por cento da floresta causaum declínio de cinco por cento no rendimento das pescarias. As inundações e as secas do ciclo hidrológico do rio aumentam e diminuem, respectivamente, a quantidade de biomassa de peixe disponível para a captura. Por tanto, alterações hidrológicas do rio devido ao desmatamento, construção de barragens e mudanças climáticas podem também diminuir os rendimentos pesqueiros. A dependência da produção de pescado da conservação dos habitats de planície de inundação e da integridade hidrologia do rio foi investigada em detalhes para Arapaima sp, o pirarucu. Esta espécie sustenta uma das pescarias mais antigas da bacia. Arapaima tem sido historicamente intensamente capturada e por isso está extinta em algumas regiões devido à falta de cumprimento das regulamentações de gestão existentes. O comportamento da espécie que apresenta respiração aérea obrigatória permitiu que os pescadores especialistas na sua captura pudessem realizar contagens e assim determinarem cotas de pesca "sustentáveis". A eficácia da gestão do pirarucu com base nas contagens tem levado a centenas de comunidades de pescadores a se envolverem na gestão baseada na comunidade de recursos de peixes. Embora a gestão comunitária das pesca possa reduzir a sobreexplotação de alguns táxons, os impactos nas pescarias causados por mudanças na hidrologia dos rios e pela perda de habitat das planícies de inundação permanecem ainda sem solução." (por Leandro Castello)